Páginas

maio 11, 2012

PARIS, PLEASE... - por Cris Guerra

Ando precisando muito ir a Paris.
Pensar na vida em Paris. Tomar um café. Um porre. Chorar uma mágoa em Paris.

Comprar um pão em Paris. Ir ao Correio em Paris. Comprar o jornal de manhã bem cedinho. Fazer supermercado em Paris. Colocar o lixo para fora em Paris. Desligar o despertador em Paris. Levar uma baforada de cigarro em Paris. Ficar presa num elevador. Vacinar contra Rubéola em Paris. Tomar chuva em Paris. Reclamar do preço do sorvete em Paris. Tirar o título de eleitor em Paris. Tomar uma multa de transito. Ou ficar com os pés doendo depois de andar por toda Paris.

Passar na casa de uma tia-avó em Paris, pra pegar um bolo de chocolate de quatro andares, e entregar na casa da filha solteirona dela. Xingar alguém em Paris. Pisar no cocô em Paris e gritar "Merde!"

Qualquer coisa faz mais sentido em Paris. Sentir-se a última pessoa do mundo. Em Paris. Entrar no cheque especial em Paris. Achar chato estar em Paris. Cansar-se de Paris. Reclamar de Paris - em francês, claro.

Fui a Paris uma única vez, na esperança de salvar um casamento. Não funcionou e eu sinto muita falta - de Paris, não do casamento. Mas eu gostaria de ter outros casamentos para serem salvos em Paris. Eu me casaria mais vezes e continuaria tentando. Por anos a fio.

Dessa única experiência na cidade, posso contar para os netos: tive uma calorosa discussão em frente à Opéra Garnier, por causa de uma foto digital sem foco, e desci chorando a Avenue de L´Opéra. Para poucos. Confesso: foi bonito.

Raciocina comigo: Paris é um lugar onde voce tem uma chance elevada de que alguem fale frances com voce. Ou japones. Ou hebraico. No minimo um ingles com sotaque. Voce pega o metrô, e se tiver a má sorte de ter alguem tagarelando ao seu lado, pode ser em frances. Pensa se não vale a pena.

Envelhecer em Belo Horizonte é simplesmente envelhecer. Envelhecer em Paris é ganhar charme. Uma roupa velha por aqui é feia. Em Paris, combina com a paisagem. E ainda tem os cortes de cabelo pra compensar. Descer chorando a Avenida do Contorno é deprimente. Descer chorando a Champs- Élysées é, no mínimo um belo ensaio fotográfico.

Não ter carro no Brasil é problema. Não ter carro em Paris é pretexto para andar a pé por uma cidade onde cada prédio é um poema. E para andar a pé por Paris, voce simplesmente pode colocar sua melhor roupa, porque vai cair muito bem.

Se me perguntarem qual é o lugar onde eu sinto menos dor, respondo rápido: Paris. Por isso, se voce precisar que eu faça algum serviço de banco em Paris, por favor, me avise.

Paris, síl vous plait. Ou, Já que agora os franceses falam ingles sem perder o humor: "Paris, please."
- Cris Guerra





Não sei, essa Sexta-feira está com jeitão de Paris...

Ótima sexta Parisiense à todos!


Daniela Prieto

2 comentários:

  1. Ok! Eu e Ricardão estamos ainda avaliando de vamos pra NY, Paris (ou tipo, monte verde, rsrsrsrsrs!)!!!!!
    Lendo esse texto, deu vontade de decidir já e comprar as passagens!!!

    Adorei! Aliás, adoro Cris Guerra!

    Beijos Danieeeee

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. ÓH duvida cruel...rs...é dificil mesmo decidir o proximo destino. Eu sempre dou preferencia a locais ineditos na minha vidinha...
      Se eu puder ajudar: NY é emoção, informação e muitas comprinhas!; PARIS é pura emoção, daquelas inesqueciveis, sentimento de que "agora posso morrer que morrerei feliz!" rs; Monte verde não posso opinar pq não conheço...rs.
      Então, Se eu seguir meu criterio de locais ineditos, eu iria para Monte verde...rsrsrsrsrs

      beijoooooooo

      Excluir